QUEIRÓS, Carlota Pereira de

*const. 1934; dep. fed. SP 1935-1937.

 

Carlota Pereira de Queirós nasceu na cidade de São Paulo, no dia 13 de fevereiro de 1892, filha de José Pereira de Queirós e de Maria de Azevedo Pereira de Queirós.

Ingressou na Escola Normal da Praça, em São Paulo, e lá prosseguiu os estudos até concluir o curso secundário. Inspetora da Escola Normal de São Paulo de 1910 a 1913, no ano seguinte tornou-se professora do Jardim-de-Infância de São Paulo. Em 1920 passou a lecionar também no Instituto Bourneville, anexo ao Hospital Nacional do Rio de Janeiro, no então Distrito Federal. Ainda nesse ano ingressou na Faculdade de Medicina de São Paulo. Em 1922 deixou o Jardim-de-Infância de São Paulo e assumiu o cargo de diretora dos cursos noturnos da Mooca, também na capital paulista, que exerceu até o ano seguinte.

Em 1923 dirigiu a Escola Noturna Feminina de São Paulo e reingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, formando-se em 1926, com a tese Estudos sobre o câncer, pela qual recebeu o Prêmio Miguel Couto. Ainda em 1926 tornou-se diretora da Escola das Mãezinhas do Hospital Artur Bernardes, no Rio de Janeiro. Em 1928 assumiu a chefia do laboratório da clínica pediátrica da Faculdade de Medicina de São Paulo. No ano seguinte viajou para a Suíça, comissionada pelo governo de São Paulo para estudar dietética infantil.

Em 1932 deixou o laboratório da clínica pediátrica e, durante a Revolução Constitucionalista que mobilizou o estado de São Paulo de julho a outubro desse ano, organizou, à frente de setecentas mulheres, o movimento de assistência aos feridos. Em maio de 1933 seria a única mulher eleita deputada à Assembléia Nacional Constituinte, na legenda da Chapa Única por São Paulo Unido, indicada pela Federação dos Voluntários. Fixada a data para as eleições, as principais lideranças, tanto do Partido Republicano Paulista (PRP) quanto do Partido Democrático (PD), encontravam-se no exílio, mas os dois partidos não seriam impedidos de funcionar legalmente. Tanto assim que decidiram somar suas forças e constituir uma relação de 22 candidatos saídos das fileiras dos dois partidos, que deveriam concorrer na legenda da Chapa Única por São Paulo Unido. A Federação dos Voluntários foi uma organização política fundada em fins de outubro de 1932 por um grupo de oficiais e suboficiais paulistas com o objetivo de congregar os voluntários que haviam participado da Revolução Constitucionalista. Empossada em novembro de 1933, Carlota Pereira de Queirós participou dos trabalhos constituintes integrando a Comissão de Saúde e Educação e trabalhando sempre pela alfabetização, assistência social e a criança. Foi de sua autoria o primeiro projeto brasileiro sobre a criação de serviços sociais, bem como a emenda estabelecendo a obrigatoriedade da consignação de uma verba destinada à assistência social, o projeto que abriu o crédito necessário para a construção da Casa do Jornaleiro e o da criação do Laboratório de Biologia Infantil, anexo ao Serviço de Menores. Após a promulgação da nova Carta e a eleição do presidente da República (17/7/1934), teve o mandato prorrogado até maio de 1935. Ainda em 1934 ingressou no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Eleita deputada federal no pleito de outubro de 1934 na legenda do Partido Constitucionalista de São Paulo, permaneceu na Câmara até novembro de 1937, quando instaurou-se o Estado Novo (1937-1945) e foram suprimidos os órgãos legislativos do país. Durante esse período, lutou ativamente pela redemocratização do país.

Em 1942 foi eleita membro da Academia Nacional de Medicina. Fundou, em 1950, a Associação Brasileira de Mulheres Médicas, que presidiu durante alguns anos. Apoiou o movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart. Foi organizadora do primeiro curso de serviço social no Brasil, ao lado de outras mulheres. Em sua atividade profissional, fez diversos cursos de especialização em hospitais da Alemanha, da França e da Suíça. Integrou associações femininas de São Paulo, a Academia Paulista de Medicina e a Academia Nacional de Medicina de Buenos Aires. Foi membro-correspondente da Association Française pour l’Étude du Cancer.

Faleceu em São Paulo no dia 17 de abril de 1982.

Publicou Sistema Froebel e Montessori (1920), Estudos sobre o câncer (1926), Diário de um tropeiro (1937), Exame hematológico e medicina social, Exame de hemorragias nas tonsilectomias (1940), Das vantagens de generalização do exame hematológico e sua aplicação em medicina social (1941), Vida e morte de um capitão-mor e Um fazendeiro paulista no século XIX.

 

 

FONTES: Boletim Min. Trab. (5/36); CÂM. DEP. Deputados; Câm. Dep. seus componentes; Diário do Congresso Nacional; Diário Oficial do Est. SP (27/4/65); Estado de S. Paulo (12/3/72); GODINHO, V. Constituintes; LEITE, A. História; MELO, L. Dic.; SILVA, H. 1933; SILVA, H. 1935; SOC. BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem; Veja (28/4/82).